"Amor & Paixão"

Do sublime e puro amor, surgiu o Homem
Dos desvios deste Homem, surgiu a ébria paixão
Inevitável contramão entre sentimentos opostos
Cotidianos desencontros na imaturidade mundana

Dizemos que amamos em momentos de simples paixão
Exigimos a paixão em momentos reservados ao amor
Paradoxo de valores em nossa eterna insatisfação
Amor e Paixão bifurcam-se pelos caminhos da vida

A Paixão afasta, o Amor aproxima
A Paixão imediata, o Amor pacienta
A Paixão despende, o Amor repõe
A Paixão exige, o Amor compreende

A Paixão quebra, o Amor sustenta
A Paixão regride, o Amor avança
A Paixão pontualiza, o Amor eterniza
A Paixão inibe o Amor, o Amor sublima a Paixão


Henrique Antunes, 13/09/2011

"Sentidos"

Sentir um perfume, e não poder cheirar
Imaginar uma pele, e não poder tocar
Ouvir uma voz, e não poder conversar
Ver uma beleza, e não poder desfrutar
Lembrar do gosto do beijo, e não mais compartilhar

De que valem os sentidos, se não podemos aproveitar?
A vida nos apresenta uma musa singular
Sua simples presença, deixa o corpo a palpitar
Um amor intenso, poucos são capazes de vivenciar
O dito sexto sentido de nada vai adiantar

Amo, porque vivencio
Amo, porque respeito
Amo, porque compreendo
Amo, porque espero
Amo, porque acredito
Amo, porque amo


Henrique Antunes, 11/08/2011

"Organização"

Estou precisando organizar minha vida...
Quantas vezes já não ouvimos tal narrativa
Inúmeros os momentos de insatisfação e descontrole
No fundo, pouca é a real necessidade de arrumação

Por si, o existir se define desorganizado
Vista as dependências naqueles que nos cercam
Solidão e isolamento trazem um ilusório equilíbrio
Status vazio, se não tens alguém que o reconheça

Dinheiro, carreira, saúde, tudo pelo dito equilíbrio
Corda bamba mais que extensa e sinuante
De nada adianta se o coração não se aquietar
Coração e mente que se confundem na condução do ser

Um dia, encontrarei o equilíbrio estático
Um dia, também entenderei que nada é estático
Um dia, buscarei o alfa, o gama e o beta
Um dia, na verdade, tudo passará, e nada fará mais sentido


Henrique Antunes, 11/08/2011

"Sebastian"

O luto traz algo que nos é esquecido
Esquecimento sinônimo do medo
Medo da saudade e do desconhecido
Desconhecido apenas aos vis olhos do homem

A passagem é própria de todo ser
Seja com pensamento ou instinto
E o que seria o instinto senão um pensamento?
Meu sobrinho Sebastian tinha esta resposta

Ah cachorrinho barulhento e estridente
Campainha, a porta dispensava
As boas vindas o guardião nos dava
Sem a necessária solicitação

Ah cachorrinho querido e dengoso
Ao chão ou à mesa nada de solidão
Focinho empinado sempre lá estava
No aguardo de uma mera atenção

O silêncio do luto agora paira
Não cabem substitutos ou similares
A vaga deste peludo ninguém preenche
Na mente daqueles que muito o amavam

Vai SêbaHanks, tua missão se completou
Vai Sebastião, siga sua evolução
Vai Cão, um dia nos encontraremos
Fica o silêncio em nosso coração


Henrique Antunes, 29/06/2011

"Ponteiros do Tempo"

Como podemos definir o tempo?
Seria possível mensurar o desconhecido?
Paradoxos de algo exato, mas sem exatidão a dar
E os ponteiros insistem em não descansar

“Tic-Tac´s”, “Prim-Prim´s” ou as vanguardas em MP3
O badalar chega a todos, e o tempo insiste em seguir
Nada de pestanejar, é hora da poeira levantar
E os ponteiros insistem em não descansar

Cada ser tem seu prazo e momento singular
Fundamental respeitar e aceitar os alheios
Estúpido seria nossos tempos comparar
E os ponteiros insistem em não descansar

Retroagir no universo do tempo é incabível e surreal
Resta conviver com as lamentações e lamúrias
Fortes saudades e recordações na memória a florear
E os ponteiros insistem em não descansar

É hora de usar o presente e olhar para o futuro
Semeie, aprenda, entenda, aguarde, observe
Prepare e planeje um tempo ainda a esperar
E os ponteiros insistem em não descansar

Perfeita a magia do desconhecido porvir
Longe dos previsíveis minutos e segundos
O que é hoje não é amanhã, oposto não menos popular
E os ponteiros insistem em não descansar

Caberá germinar a semente, e aceitar seus frutos
Caberá praticar o aprendizado, e entender seus porquês
Caberá, ao final, um belo sorriso ou um amargo choro estravazar
E os ponteiros insistem em não descansar

Mas porque perder algo tão precioso?
Porque insistir em dar tempo ao tempo?
Se amanhã o tempo poderás não ter para dar
E os ponteiros insistem em não descansar

Bom mesmo era se deixássemos os ranços no passado cansado
Bom mesmo era se adiássemos as teorias de um futuro incerto
Bom mesmo era se, com o presente, o tempo pudesse nos presentar
Afinal, os ponteiros insistem em não descansar


Henrique Antunes, 22/06/2011

"Fantasia"

A rede quente abraça o corpo
Já a mente não consegue aprisionar
Pensamentos e elucubrações
Insônia cansada pela madrugada

Retalhos de histórias entrelaçadas
Tragos em um cigarro amigo
Gélido silêncio que violenta a alma
Ponteiros audaciosos que levam o tempo

Eis os cantos dos pássaros
Sinal de recomeço e esperança
Rotina necessária e desafiadora
Duro momento de vestir a fantasia


Henrique Antunes, 15/06/2011

"Maria Clara"

Clara como o Sol Energizante
Clara como a Lua Insinuante
Clara como a Esperança Revigorante
Clara como o Sorriso Verdadeiro
Clara como o Dengo Necessário
Clara como o Carinho Espontâneo
Clara como o Cabelinho Escorrido
Clara como o Olhar Enigmático
Clara como o Amor Puro

Clara que mareja o olhar
Clara que surpreende o porvir
Clara que dá sentindo ao sem sentido
Clara que transporta a alma do amargor
Clara que ilumina a negra realidade
Clara que grita com delicadeza
Clara que eterniza momentos
Clara que perpetua as Marias
Clara que é a minha filha

Clara como Clarinha... Clara que me completa...


Henrique Antunes, 13/06/2011

"Karol & Júlia"

Dos gestos de menino à seriedade de um Pai
As mudanças são transcendentais para o pobre garoto
Os olhos verdes, antes de euforia, enebream com o passar dos dias
Sentimento não de tristeza, mas de uma sadia espera

Aos amigos cabe celebrar e as fraldas comprar
Brindes em um bar, mero motivo para dividir
A grade alegria que está por vir
E nem o jogo do time de coração poderia faltar

No aconchego do lar, repousam as suas duas relíquias
Um par de moças unidas pelo amor, soberanas em seu coração
Uma com os enjôos e as surpresas de primeira viagem
Outra no conforto e aquietação merecidos

Nada há de mais belo que a renovação da vida
Nada há de mais puro que uma gestação
Nada há de mais excitante que a expectativa
Nada há de mais seguro que o ventre da amada Mãe

Amigo velho, quantos cabelos brancos surgiram nesses meses
Não tens noção de quantos ainda estão por vir
Mas, com certeza, um universo de felicidade os acompanhará
Vai Thiago, comemora... Vai que Karol & Júlia te esperam...


Henrique Antunes, 10/06/2011

"Professoras"

Disciplinas e disciplinas acumulo em currículo
Das humanas às exatas já esmiucei
Pela Engenharia, Contabilidade, Administração,
Tecnologia, Línguas, Lógica, me debrucei

Nos cálculos, o raciocínio rápido depurava
Nas interpretações, os textos conjugava
Nas análises, a resposta aos olhos saltava
Nos estudos sociais, a teoria conspirava

Na vida, apenas na Ciência do Amor ainda não graduei
Repleta de subjetividade, sem fórmulas ou padrão
Estudos de casos e simulados mais que tentei
Duras estas Professoras, nada de acordo, eterna reprovação


Henrique Antunes, 10/06/2011

"Ingratidão"

Esquecimento confunde-se com conveniência
Conveniência sugere ingratidão
Ingratidão semblante do ser pós-moderno
Personagens egoístas em sua essência e concepção

Gritar e brigar é lançar pela janela seu direito
De nada adianta mostrar sua realidade
Ao cego perdido em sua egocentricidade
Ao "irmão" encarcerado em seu universo intangível

Irônica e sarcástica anedota no enredo
Aquele que antes tanto se amparou no calor alheio
Hoje sequer levanta os olhos ao antigo protetivo
Menosprezo completo e prematuro

Felizmente algum sentido paira no porvir
Não serei eu, tu, ele, nós, vós ou eles que ensinarão
Pessoa alguma deste vocabulário de letras minúsculas
Apenas Ele, na sua justiça, com sua imponente inicial maiúscula


Henrique Antunes, 10/06/2011

"Ninho e Ninha"

Impressionante a complexidade do amor
A sensação de amar não tem cronologia
O amor verdadeiro não tem começo, meio e fim
Um sentimento que apenas adormece, mas permeia

Na vida, apenas uma vez amei
Olhos verdes escuros, pele de porcelana
Cabelos, unhas e balaiagens
Corpo mignon como manda o bom figurino

Do susto do conhecer à certeza do porvir
Peles que se misturavam incansavelmente
Loucuras jamais realizadas e pensadas
Uma bela história a construir

Enredo épico, único e romântico
Altos e baixos que trazem equilíbrio
Mas muita cumplicidade e afetividade
Ligação astral e espiritual

Os frutos não poderiam ser outros
Um belo rapaz, com rosto e olhos da mãe
Uma linda moça, com o rosto esculpido no pai
Enfim a família sempre almejada

Ninho e Ninha não mais estão juntos
Fisicamente como manda os padrões
Ligação eterna, não pelos rebentos
Amor puro e imaterial, inexplicável como ele só


Henrique Antunes, 08/06/2011

"Galega"

Parafrasear não é roubar
Fundamental é o autor citar
Fernando Pessoa já nos fez enxergar
Um ciclo acabo de encerrar

Já dizia o dito popular
O futuro só Deus para designar
Resta a nós nos preparar
E as chances aproveitar

Momento repentista, podes achar
Para mim são palavras no ar
O passado deixo a brisa soprar
O presente é hora de exaltar

Melhor que todas, irei encontrar
A desejada Galega meu caminho irá cruzar
Dela não vou mais largar
Será a primeira que vai me amar


Henrique Antunes, 07/06/2011

"Padaria"

Face a face
Olho a olho
Apenas centímetros separam
Respirações ofegantes

Aquele cheiro inesquecível
Os gestões singulares
A risada espontânea e única
As expressões registradas

O relógio corre
Um universo a ser dito
Palavras faltam e se perdem
Enorme confusão de idéias

Palavras em uma Padaria
Final positivo e paz de espírito
Perdão presente ou futuro
Vidas que tentam caminhar


Henrique Antunes, 07/06/2011

"Resignação"

A alma sofrida
O corpo padece
Festas além das janelas
Silêncio interno

Saber e não conseguir agir
Ego ferido e maltratado
Vida sem graça
Inferno astral

O futuro uma incógnita
O presente uma rotina
Respirar fundo e sobreviver
Ínfima esperança no porvir


Henrique Antunes, 06/06/2011

"Fazer o que?"

Definir um ser parece algo impossível,
na nossa vastidão de adjetivos e sentimentos.
Tornar nossa complexidade singular pode ser algo frio,
mas necessário para nossa evolução,
tal como uma crítica seca e impiedosa.

Alguns podem trazer argumentos.
Outros, pontos de vista antagônicos.
Nada de puxa-sacos com opiniões piedosas.
Só nós podemos chegar a está inesperada conclusão.
É chegada a hora, abram as cortinas do meu ser.

Por que suplicar por uma palavra ou gesto vazios?
Por que curvar-se por um mísero olhar ou atenção?
Por que pedir um beijo? Beijo pedido não presta...
Por que humilhar-se por alguém que nem amas mais?
Por que agredir outrem, só para ter um mero vínculo?
Por que gostar tanto de sorvete e chocolate?
Por que vigiar o celular e a caixa de email´s?
Por que nunca encontrar a dita felicidade a sós?

Que mais posso indagar ou cavucar?
Tal o desespero que toma conta da minha alma.
Nada... Nada mesmo... Nada de fato...
Resta aceitar esta melancólica auto-definição.
Carência... Carência... Carência...

Pronto, foi difícil, mas esta é resposta para tantos “Por que”.
Complicado aceitar a cruel e impiedosa auto-critica.
Amarga constatação para este pobre ser carente.
Sendo assim, é hora de buscar apoio em alguém...
Fazer o que?


Henrique Antunes, 04/06/2011

"Nêga"

Saudade um sentimento que machuca a alma
Saudade de alguém que esta pertinho
Saudade que eterniza os dias e momentos
Saudade das conversas e risadas
Saudade de um pé gordo e de olhos rasgados
Saudade de um “bom dia” naquela voz grave
Saudade do sonho e da realidade
Saudade até de aprender a dançar
Saudade de momentos nunca vividos
Saudade de ter saudade de uma Nêga

Nada de conversas e explicações
Nada de julgamentos e cobranças
Nada de tentativas e constatações
Nada de brigas, palavras ou pensamentos
Nada de nada
Nada de presente
Nada do passado
Nada de futuro

Saudade... Nada mais...


Henrique Antunes, 25/05/2011